Actor mal amado

A cortina fechou, a luz apagou-se. De joelhos ficas-te colado a esse chão já mais que gasto e encardido de histórias, empoeirado de lágrimas e riscado de passos. Fez-se silêncio. Não houve palmas, nem ovações, nem tão pouco gritos que entoassem o teu nome. Tu perdes-te, caíste, erraste! Não foste quem querias nem mesmo quem devias.

Suaste, penetraste-te profundamente naquele ser, mas estavas vazio de ti. Faltou-te alma e coração. Estavas tão oco que nem uma árvore morta, ignoras-te o segredo da vitória. Tinhas o tudo e foste o nada.

A plateia, essa olhava atónita esse teu espectáculo árido, nem um sorriso era esboçado, apenas se sobressaía um olhar aturdido. De todo um corpo coberto de músculo e energia para se movimentar, apenas as pálpebras se moviam a cada passo que davas de um lado para o outro do palco.

Esqueceste de ser quem eras. Escorregas-te naquela lágrima seca, sem vida, que deixas-te cair. E pelo chão ficas-te. Não tiveste coragem de ir mas longe, de dar um passo em frente.

Viste a cortina se fechar, a luz apagar, o silêncio a vir, e no chão te deixas-te ficar.

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Note.

[Imagens recolhidas do Google e do DevianArt]

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