*



Oferecido pelo Saga, do Blog Midnight Club.



Fazer uma dedicatória :
"Amigos de verdade não se separam apenas seguem caminhos diferentes."

Eleger (no mínimo) 3 Blog's:
A todos que por aqui passarem (:

Quem nunca perdeu?

O frio tenebroso da chegada da última oportunidade, o suor da inimiga angústia que nos consome o ar e contorce o nosso estômago, o espreitar de uma lágrima que se suicida até sentirmos o seu sabor nos nossos lábios. O chegar do limite das nossas potencialidades.

Quem escreve sua história sabe, que um simples lápis não apaga derrotas que um dia nos atormentaram, é ele que em linhas mais ou menos certas escreve uma corrente de palavras bem guiadas mas cheias de rasuras. Um lápis que insiste sistematicamente em cair de entre os nossos dedos. E, de forma irónica brinca connosco, nos faz rebaixar mais uma e outra vez, nos obriga a uma espécie de vénia a algo tão ordinário como um lápis. Testa de forma inteligente a nossa já esgotada paciência e nossa força de recomeçar.

E o meu lápis vai-se quebrado a cada palavra escrita. Talvez me esteja a pedir um simples recomeçar…

A verdade, é que nem tudo é como escrevemos, nem como um dia pintamos. Talvez haja alturas em que usamos as cores erradas, naquela impecável tela que em tempos foi rara devida á sua limpidez e agora nos sobrecarrega o consciente. Somos um pincel incómodo que passeia entre linhas e traços mal aprofundados e nos rouba gotas de tinta.

Perder, ninguém gosta; ganhar, todos querem, mas nem sempre conseguem…

É assim...

"Como escritor, conto histórias e as pessoas dão-me dinheiro. Depois são os gestores de contas que me contam histórias e eu dou-lhes dinheiro."
Martin Cruz Smith (Escritor Norte-Americano)

Actor mal amado

A cortina fechou, a luz apagou-se. De joelhos ficas-te colado a esse chão já mais que gasto e encardido de histórias, empoeirado de lágrimas e riscado de passos. Fez-se silêncio. Não houve palmas, nem ovações, nem tão pouco gritos que entoassem o teu nome. Tu perdes-te, caíste, erraste! Não foste quem querias nem mesmo quem devias.

Suaste, penetraste-te profundamente naquele ser, mas estavas vazio de ti. Faltou-te alma e coração. Estavas tão oco que nem uma árvore morta, ignoras-te o segredo da vitória. Tinhas o tudo e foste o nada.

A plateia, essa olhava atónita esse teu espectáculo árido, nem um sorriso era esboçado, apenas se sobressaía um olhar aturdido. De todo um corpo coberto de músculo e energia para se movimentar, apenas as pálpebras se moviam a cada passo que davas de um lado para o outro do palco.

Esqueceste de ser quem eras. Escorregas-te naquela lágrima seca, sem vida, que deixas-te cair. E pelo chão ficas-te. Não tiveste coragem de ir mas longe, de dar um passo em frente.

Viste a cortina se fechar, a luz apagar, o silêncio a vir, e no chão te deixas-te ficar.

(:

- A nossa história também vai ter um final feliz?
- Não.
- Não? Porquê?
- Porque não vai ter final. (:

^

Não adianta olhar para trás quando já se perdeu quem se tinha ao lado.

Desabafo....

Esperei, desesperei, chorei, entrei quase em colapso mental, mas aguentei. Fiz-me de forte, independente, aprendi a crescer sem muletas e a caminhar entre escombros de um amor passado.

E de repente acordei. Sobre mim caiu um balde de água fria vindo da tua vida, foi um sopro de liberdade e aconchego. Fiquei nua de orgulho e percebi que tudo o que tinha construído não tinha passado de imaginação. Nunca fui assim tão forte e segura como pensava. Desde sempre fui fraca e precisei de ti como alimento indispensável para a minha sobrevivência. Inocentemente, consumo-te até á espinha por cada vez que entro num buraco negro. E tu estás sempre lá, muitas vezes sem eu pedir, mas já nem disso necessito, és presença assídua e indispensável na minha vida.

Quero encontrar a recompensa proporcional a tanta dedicação, mas não encontro forma de retribuir, tudo o que eu possa elaborar torna-se castelo de cartas á beira das tuas torres de ferro. Mas acredita que me esforço e trabalho a cada instante para atingir o meu objectivo de te fazer feliz.

A cada noite preenches os meus pensamentos e fazes-me cair numa ânsia de adormecer a teu lado, de sentir o teu calor, ouvir um sussurro de “Amo-te” ao ouvido e adormecer abraçada por ti e só por ti.

Aprendi a agradecer-te cada gesto, a reconhecer todo o teu valor, a olhar a vida de uma perspectiva mais colorida. Ensinaste-me o que era o amor e a saborear cada instante.

És parte segura da minha vida, és a base e o topo, és a casa que me protege.

Um amor assim não se vive apenas numa vida…

Obrigada.

{Amo-te}

?

Tudo é tão vago, desprendido, ligeiramente contrário ao que um dia imaginamos. Queremos correr atrás do que por longos momentos desejamos, sentimos o calor no sangue a nos impulsionar para uma nova aventura, vivemos o sonho que um dia alguém disse que nos faria alguém.

Pensamos, idealizamos, sorrimos entre emoções, choramos entre desespero. Ouvimos e calamos tudo o que por vezes dispensamos ouvir. Mas continuamos. Contamos ao mundo inteiro o que fará parte do nosso plano futuro. Mas esquecemos que depois daquela passo nada se manterá como até agora. A vida como que dá uma volta de 180º e nem se dá ao trabalho de avisar que as nossas amarras de segurança se irão quebrar. Entramos num labirinto que nem com mapa, por mais pormenorizado que seja, nos leva ao fim desejado. Percorremos lugares desconhecidos e assustadores, enfrentamos o medo que nos põe á prova, derramamos lágrimas nos momentos em que as pernas perdem energia e não nos deixam se quer dar mais um passo. Sentimo-nos fechados, acorrentados, sozinhos e medrosos num lugar que definitivamente não nos pertence

Mas sobrevivemos. E quando numa manhã acordamos e voltamos á mesma rotina, recordamos com o coração nas mãos tudo aquilo que nos fez o que somos. Vivemos em pensamentos todos os momentos que marcaram a nossa valiosa presença nesta vida, esticamos a mão com esperança de tocar naquele amigo que jurou nunca nos abandonar, mas que a distância teimou em separar.

A verdade é que nem tudo é como imaginamos, nem os desejos mais desejamos nos tornam felizes durante a viagem de os alcançar, talvez ao chegar ao fim reparemos que todo o sacrifício foi justo e valeu a pena. Vai ser com um sorriso que nos elogiaremos por tal caminhada. Vamos ser os heróis na nossa vida.

Longe...

Quis tanto te sentir, guardei para mim toda essa vontade. E quando te vi foi um desabrochar de emoções, foi abraçar-te como nunca te havia abraçado, foi ver o teu sorriso mais perfeito e conjuga-lo com uma saudade, que por vezes, quase mata.

Sofri dias a fio por não te ter a escassos metros, olhei todos os dias o horizonte a imaginar-te. Adormeci a ouvir a tua voz e sonhei com o teu rosto. Sabia que eras parte importante, mas esta saudade mostrou muito mais.

É difícil sentir-me perdida no meio do desconhecido, olhar para todos os lados e não reconhecer nenhum lugar, caminhar com medo de o chão desabar e saber que não tinha a tua mão para me segurar. Chorei com a saudade ao meu lado e o frio da solidão tocou-me. Centrei-me na cor branca de uma parede e desenhei lá os meus desejos, mas por mais que os tentasses agarrar mais eles se escondiam no branco. A verdade é que tu sempre permaneces-te e consegui novamente te sentir.


Longe.

Ínicio

Preparar as malas e as saudades já apertam...
Braga me espera.
Um presentinho oferecido pelo Saga do blogue: Midnight Club. Obrigada (:
O desafio é o seguinte:

Dizer,

* quem mais gostas de abraçar, no presente: Aquela pessoa especial.

* quem nunca abraçarias: toda a gente merece um abraço...

* a quem davas tudo para poder abraçar: Aquela pessoa especial :b

* a quem davas o teu melhor abraço: A quem o merecesse.

...e passar o desafio a 6 blogues à tua escolha:


Presente oferecido pela Patrícia Isidro do blogue http://palavrasapenass.blogspot.com/.
Ofereço-o a todos aqueles que por aqui passam (:

Está quase.

Começam a ser escassos os dias que falta contar até ao fim do calor. É natural agora deslumbrarmos com uma certa nostalgia o cedo anoitecer, uma brisa mais brusca e fresca visita-nos mais constantemente.

O Verão, a época do ano talvez mais esperada, está de bagagens feitas prestes a embarcar para outra terra. Não deixa carta de despedida e agora nem data concreta de partida, mas aos poucos nos vai ensinando a dizer “Olá” ao Outono. Talvez numa noite escura e no maior dos silêncios, parta e nos deixe uma nova manhã, um novo acordar.

É certo que todos nós guardamos na memória aquelas belas tardes quentes da nossa infância, onde esgotávamos energia ao tentarmos acompanhar a vivacidade do sol. Deitávamo-nos na relva, absorvíamos aquele cheiro fresco e adormecíamos embalados num momento de pura liberdade. Durante aproximadamente três meses as horas não existiam, o tempo não precisava de parar mas também não corria, era uma bela companhia para as brincadeiras. Sorrisos eram esboçados na maior das inocências, a música imponha ao nosso corpo uma balançar intermitente e saboroso. E a praia? Não havia alegria maior para uma criança. A água, a areia, o sol…a perfeita conjunção, os castelos de areia construídos com todo o cuidado que depois o mar fazia o favor de desfazer, talvez ele se sentisse convidado para tal brincadeira. Permanecer longos minutos sentada á beira-mar, ao fim de uma tarde de diversão, a observar o dançar das águas e o seu brilho resplandecente não era nenhum sacrifício, mas sim uma dádiva.

Hoje, não é muito diferente. O Verão continua quente, a praia a mesma. A idade apenas um pouco diferente, mas a alegria intocável. Há liberdade para explorar os mais diversos sítios, sozinhos ou acompanhados. Fazem-se viagens sem destino, longas tardes deitados na areia fina, conversas sinceras com amigos. Histórias que escrevemos com a nossa vida num curto espaço-tempo. Noites quentes que nos levaram a estourar os nosso limites. Condensamos tudo o que queremos viver numa altura onde os dias parecem nunca acabar.

Mas acabam. E fica a saudade. Guarda -se as roupas frescas, os perfumes florais. Olhamos as fotografias e sorrimos ao recordar aquilo que passou e não volta mais. De cada momento fica apenas a recordação.

E olhamos o pôr-do-sol com uma lágrima no canto do olho, desejando que momentos felizes vividos há pouco tempo se repitam a curto prazo.

Era uma vez...

Talvez um dia te conte toda a nossa história de amor. Me encoste ao teu ombro, sinta o teu cheiro, me aproxime do teu ouvido e te sussurre as palavras mais doces. Não quero que mais ninguém ouça o que de mais belo a minha vida tem, quero que apenas tu saibas que o meu “Era uma vez…” começou contigo…

Enrolada nos teus abraços, me imagino a silenciar as palavras que teimavam a saltitar de mim para ti e a cair num sono profundo. Deste simples modo ficas com o bichinho da curiosidade por eu não ter conseguido terminar a história e assim, nunca saberás o final do nosso eterno encontro. Até porque na verdade o nosso conto de encantar não vai ter um final feliz que todos os outros têm, também aqui não existe príncipe nem princesa, mas sim apenas eu e tu e por mais que eu tente desenhar um fim á minha maneira, com os pormenores mais ínfimos, eu sei que ele nunca acontecerá. Apenas porque o amor verdadeiro, nunca tem final.

Destino?

"O que ainda me faltava aprender era que as coisas raramente são tão limpinhas e arrumadas como aqueles "relatos de sofá" que eu ouvira no filme. O que fui aprendendo ao longo do tempo foi que, na esmagadora maioria das vezes, as histórias que ouvimos da boca dos velhotes felizes têm sempre o seu quê de exagero poético, de perfeito eufemismo para dar á coisa um brilho extra. E a não ser que nos casemos com o nosso namorado do liceu (e, por vezes, nem sequer nesse caso) não existem «inícios de romance» particularmente bonitos ou gloriosos. Existem, sim, pessoas, lugares e acontecimentos que nos conduziram áquela relação, e pessoas, lugares e acontecimentos que preferimos esquecer ou pelo menos ignorar. No final até podemos colar um rótulo bonitinho em cima da relação - chamando-lhe feliz descoberta ou destino. Ou então, optamos por acreditar que é apenas o modo aleatório que a vida tem de se desenrolar."

"Escolhi o teu amor" - Emily Giffin

A carta.

Dias e noites á espera e finalmente chegou.

Uma manhã fresca, com o sol a querer espreguiçar-se e eu com uma vontade enorme de agarrar tudo o que o vento trouxe de ti até mim.

O cantarolar que já ao longe os meus ouvidos reconhecem e o azul vistoso das suas penas que rapidamente prendem o meu olhar naquela cor alegre e encantadora. No seu bico, perfeitamente desenhado, carregava aquele pássaro um modesto envelope que logo acreditei que trazia as mais belas palavras de amor lá resguardadas. Era uma carta tua meu amor, mais uma para abraçar, sentir e cheirar e por fim juntar a todas as outras que guardo quem nem pérola rara.

Entre os versos que cuidadosamente crias -te no teu coração e embalaste para um poema, retratas todo o teu sentimento, e desdobras em simples figuras de estilo aquilo que desejas para mim, para ti e para nós. Sinto o teu suor espelhado em tal folha de papel um pouco amachucada pelos teus dedos e entranhada nela todo o teu cheiro. Sussurras-me com aquelas palavras mudas estampadas no papel, que tens saudades minhas. Mal sabes tu, o quanto me atormenta a cada hora a tua ausência, o quanto me assombra não ver esse teu sorriso que me derrete a cada aligeirar dos teus músculos faciais, e a vontade que tenho de te beijar apaixonadamente e sentir esse teu sabor salgado que me arrepia até á espinha.

Tens uma capacidade incrível de adoçar este meu coração, apertado de agonia por não te ver, com as mais singelas palavras, nas quais pintas uma tela perfeita da nossa história. Onde a tinta que escorre partilha comigo todas as lágrimas que desabrocharam em ti e eu desejava poder secar com a minha pele.

Volta depressa, amor.

“Quero te amar para sempre.”

Eu também meu amor, eu também…

*


O beijo perfeito não existe, mas só a vontade de um dia por magia o encontrar, faz com que todos os outros sejam imperfeitamente perfeitos.

Bem-vindo!


Já tive um olhar vazio, onde nada do que existia tinha razão de ser. Onde o amor, por mais elogios que fizessem, não passava de algo completamente abstracto e no fundo inexistente a meu ver. Sempre fui muito racional e só acreditava no que via e sentia, e o amor, esse sentimento que toda gente busca de forma desesperada e obcecada, eu nunca havia sentido nem tão pouco visto, era apenas ilusão na cabeça de uma menina que tinha medo dos calafrios que este provocava.

Entre encontros comigo mesma, reflexões profundas e desgastantes, procurei respostas para tal afastamento de um sentimento tão maravilhoso cobiçado por todo o mundo. Na minha cabeça, e consequentemente na minha vida, o amor foi radicalmente colocado no centésimo lugar a nível de prioridades na minha vida. Cheguei ao cúmulo de fazer uma ligeira comparação entre o sentimento filho do cupido e o Pai Natal, porque não dizer que os dois eram uma lenda? Afinal ambos faziam toda a gente feliz mesmo sem ninguém os ver e na cor vermelha que dividiam, a desilusão vinha bem agarrada. Enquanto somos inocentes tudo faz sentido até que o antónimo da ilusão aparece no momento em que queremos viver tudo no seu pleno.

Mas é deste modo que crescemos, que encaramos a vida de uma forma mais realista, e talvez fria. Criamos defesas e deixamos para trás uma parte do carácter de crianças e avançamos para o que a vida nos colocou no caminho.

E eu avancei, continuei com o amor bem longe de mim. Até que um dia, nem sei bem se com um sol abrasador ou um frio arrebatador, tu chegas-te de armas e bagagens e com um ar autoritário sentas-te á porta de minha casa á espera da minha chegada. Eu havia saído, para mais um dia comum e uma rotina perfeitamente normal. Perto das sete horas da tarde já caminhava eu na minha rua, prestes a chegar a casa e vi algo estranho encostado á entrada da minha casa. Com rapidez no passo e alguma curiosidade á mistura cheguei perto de ti. E com avidez e desconfiança perguntei-te:

-Desculpa, quem és?

E tu com um sorriso ligeiro respondes-te:

- Esperas-te por mim todo este tempo. Sou quem tu procuras, mas apenas em forma humana.

Eu sorri com tal barbaridade, não tinha qualquer noção de quem serias. O teu rosto era-me desconhecido, mas havia algo em ti que prendia a minha atenção. Não resisti a convidar-te a entrar e mantivemos uma conversa bastante agradável e enriquecedora. Desde daí continuamos a encontrarmos constantemente e a cada dia o meu coração tinha batidas mais fortes e rápidas, o meu corpo sentia calafrios cada vez que te tocava e um beijo era capaz de bloquear cada movimento em mim…

Hoje sei, tu és o amor que tanto esperei mas inconsciente reneguei para último plano.

Eu não tinha qualquer rota ou mapa que me levasse a ti.

Mas tu encontraste-me.

Que sejas muito bem-vindo (:

Hoje...

Por dias e noites vivi uma vida que nunca quis, daquelas que ninguém deseja mas que insistimos em vive-las. Fui por tempos personagem principal de um filme trágico, mas sem razões para o reflectir no grande ecrã por falta de consistência do argumento.

Cheguei acordar dias a fio de uma forma mecanizada por pura obrigação. Recusei abrir horizontes e a mostrar o melhor de mim. Desaprendi o que era o amor e mergulhei num mar de solidão que eu própria escolhi.

Já sofri e aprendi de vez o que era a dor e hoje sei dar valor á felicidade. Não sou a mesma de há uns tempos atrás, nem procuro sê-lo. Sei que estou diferente, sou outra pessoa, mais madura e consciente dos seus actos.


"Half the time the world is ending, truth is I am done pretending"

Crime:Futilidade!

Sinto um cheiro pútrido a meu lado que emana uma falsidade sensual que atrai até a margem mais íngreme do ser humano, capaz de lhe provocar uma cegues tremenda mais forte que a sinceridade.

Tu, que te olhas ao espelho, que vislumbras nos teus olhos brilhantes e bastantes compostos, devido á tua jovialidade, uma imagem quase perfeita que sempre buscas te de uma jeito obcecado, sorris com a mentira que tu próprio crias te.

Não tens identidade nem o significado de personalidade sabes. Arrastas te, como se os teus pés tivessem presos por correntes pesadas e enferrujadas, segues o que uma voz superior profere sem ouvires a tua opinião. És um boneco de trapos que valoriza o olhar e ignora um conhecer.

A tua pele é saudável e o teu sorriso luminoso, o teu cabelo liberta uma essência hipnotizante capaz de enlouquecer qualquer um que se aproxime de ti. Caminhas com a cabeça erguida como se fosses alguém poderoso neste mundo, o teu olhar penetrante trespassa cada corpo que deambula na rua, que no fundo é tão igual a ti.

Sorris ao avistares alguém tão aparentemente esplêndido e vistoso como tu, aprenderam juntos a não serem nada, a viverem sem voz e a caminharem num chão podre que a cada passo faz adivinhar uma queda.

Se te perguntarem o que gostas nesta vida quem está contigo é capaz de responder tão bem como tu, não por ser conhecerem bem, apenas porque ambos criaram uma normalização de gostos que vos guia numa estrada de nevoeiro. É nessa estrada que criam laços de afecto que mais não passam de uma corda a que um dia possam se agarrar quando o chão desabar e no fim deixarem para trás como algo descartável.

Usas e abusas de quem te dá ouvidos. A palavra “obrigado” não faz definitivamente parte do teu vocabulário seco e vazio. Amas os objectos decorativos que cobrem o teu corpo pestilento de imoralidade e rematas para o canto mais obscuro da tua casa o livro com as palavras mais ricas capaz de enriquecer o teu pensamento vago e sem orientação.

Acordas e adormeces apenas a pensar na perfeição que te prometeram, mas que nunca te provaram existir.

Suspiro...

Uma lágrima escorre pelo meu rosto. Passeia pela minha pele e deixa uma marca, que nem tatuagem, do percurso que faz. Brilha á luz e se torna invisível com o escuro. Não quero que me vejas chorar, nem tão pouco que saibas que estou aqui agora.
Não quero fazer barulho mas não resisti a pôr a música com o volume máximo. Quis quebrar também limites e viver tudo a que tenho direito em menos de três minutos, aplicar a intensidade máxima no mais simples gesto, entoar o meu grito mais forte dentro de um poço, beijar loucamente e sentir o calor do teu corpo aquecer-me em cada noite. Não quero saber de regras nem de opiniões alheias, quero soltar toda a energia existente em mim, sentir-me como um vulcão e expulsar para o mundo tudo o que me martiriza diariamente. Por segundos quis me abstrair de tudo em meu redor. Esquecer quem sou e tudo o que fiz até agora.
Mas não suporto a tua distância quando estás perto de mim, isso magoa como se fogo se tratasse e queimasse cada gota do meu sangue, me reduzisse em cinzas e me tornasse invisível aos teus olhos. Não quero ser uma estátua fria e sem coração que tu sucessivamente ignoras. Quero olhar-te nos olhos, tentar desvendar todos os teus pensamentos e vasculhar os teus maiores segredos. Não me importo de ser a folha de papel onde resolves todas as tuas equações, mesmo que estas não tenham solução.
Agora, com a melodia alta da música, vislumbro uma folha a cair da árvore, descendo lentamente sem medo, baloiçando de uma lado para o outro como sendo embalada para um sono profundo, que mais parece o meu coração com as suas batidas fracas mas sentidas que a cada pulsação gritam o teu nome. Resolvi escrever-te uma carta mas faltavam palavras, por mais que usasse a esferográfica, da minha mão não saía qualquer desenho. Há coisas que realmente por mais que tentemos não conseguimos traduzir em palavras, mas o meu coração é mudo para te falar directamente.
Em tempos chorei, ri e voltei a chorar. Cheguei quase ao cume da montanha e uma rajada de vento me deitou abaixo, empurrou-me até ao começo. Por vontade própria comecei tudo de novo. O mesmo caminho, as mesmas pedras, as mesmas quedas. Mas continuei. Dei conta estava perto do sítio onde o vento me havia empurrado, então esperei a ventania acalmar e escondi-me numa gruta, lá permaneci horas sem as poder contar. A noite tomou o lugar do dia e o silêncio acompanhou-a. Por teimosia decidi continuar caminho, na esperança que o vento tivesse adormecido. Não sentia-a absolutamente nada, em momentos tinha dificuldade em respirar, tudo era abafado e nem lágrimas conseguia expulsar. Tropecei. E cai. Sem dar conta voltei ao inicio. Mas desta vez não havia vento a empurrar, não havia nada. Eu cai sozinha sem saber o porque e magoei-me. Tu chegas te e saras te a minha ferida, deste-me a mão e ajudaste-me a subir a montanha sem criar a expectativa de alcançar rapidamente o cume, ensinaste-me a ser cautelosa e ser ambiciosa precavida. E desde daí nunca mais te larguei, tornaste-te o meu porto de abrigo onde me resguardo das tempestades. Contigo quis começar tudo de novo, não quis mais caminhar sozinha. Há caminhos impossíveis de atravessar na solidão. Mas há dias que és incapaz de secar as minhas lágrimas, não é por falta de vontade tua, apenas porque os teus lenços se tornam escassos para tanta água vinda do coração.

Uma lágrima atrás da outra como sufocando os meus olhos. Sinto o seu sabor salgado e arrepio-me de saudade.

No banco do costume...

Olhei para o relógio e passavam cinco minutos desde que ali estava sentada. No meio do jardim, no banco do costume. A mesma cor verde da relva, os constantes gritos das crianças que por lá corriam, o tranquilizador falar das gotas de água que passeavam no riacho ali há muito existente. Muda, observava cega tudo o que acontecia á minha volta, no fundo estava alheia a toda aquela vivacidade. Olhei de novo para o relógio e já tinham passado uns longos dez minutos desde da última vez. O meu coração começou a palpitar umas mil vezes mais depressa, parecia querer fugir do meu peito e correr á tua procura.

Sei, que inconscientemente tinha a leve esperança que toda aquela espera fosse para mais um dos nossos encontros, mas daquela vez não havia razão para olhar ao fundo da rua e ver-te chegar, estavas uns tantos quilómetros distantes de mim e eu sabia disso.

Ainda ontem tínhamos estado juntos e arrebatado com todas as nossas saudades. E hoje estava eu ali sozinha. Já aprendi há muito que sem ti perto de mim as horas demoram o dobro a passar, por isso mesmo decidi voltar ao jardim e ao banco do costume. Precisava urgentemente de sentir o ar suave e fresco daquela tarde, expulsar de mim certas ideias tóxicas e viajar pela minha imaginação.

Normalmente tenho á minha beira um papel e uma caneta para anotar todas as minhas ideias que nascem de uma inspiração relâmpago, mas naquele momento nem isso tinha, senti um vazio a triplicar. Depois de me irritar comigo própria por tal esquecimento inadmissível tive de me contentar em guardar nas gavetas da minha memória as ideias que me assaltavam repentinamente. Até acho que no meio de tanta imaginação brotaram de mim ligeiros sorrisos que contradiziam o meu estado de espírito solitário.

Confortavelmente sentada e talvez com um olhar perdido, viajei apenas na minha companhia num barco á vela, igual aqueles que juntos já vimos, atravessei mares calmos e recolhi aquele azul brilhante que os caracteriza, senti na minha pele aquela brisa marinha tão revitalizante, vi pequenos habitantes do mundo marinho que vinham até á borda da água dar-me as boas vindas, toquei na água fresca e deixei-a percorrer parte do meu corpo e desaparecer com o calor daquele sol tórrido, passei perto de uma ilha deserta que era dona de uma vasta selva que transpirava sossego e pureza.

Sem aviso um vento forte arrastou-me até á margem e aí reparei que afinal não tinha saído daquele jardim e do banco do costume. Olhei para o relógio e já passava uma hora desde que ali tinha chegado. Resolvi levantar-me e caminhar até casa. Continuei com um sorriso no rosto, afinal viajei sozinha por lugares que na realidade receio e os minutos passaram mais rápido do que o esperado.

Não tirei fotografias, ao que na verdade não vi, porque prefiro através das minhas palavras contar-te cada milha percorrida. Sei que agora, tenho te a ti para partilhar todas as minhas aventuras e juntos sorrirmos das ideias descabidas que possam surgir.

Não gosto de andar sozinha, mas naquela viagem ilusória não tive receio, trazia-te no coração e isso já bastava.

Mais uma página...

Terminei. Mais uma página da nossa história foi escrita. Um livro que lentamente é preenchido por sensações e ilusões que jamais quero esquecer. Quero num futuro longínquo, quando a memória for minha inimiga e me apague toda uma vida, recordar cada pedaço daquilo que é nosso através de palavras soltas do meu coração que com carinho correm apressadamente para esta folha de papel, que a cada gota de tinta da esferográfica se reflecte todo um momento.
Folheio páginas antigas e sorrio a cada instante. Percebo agora o quanto é importante ter uma história, saber o que se passou para finalmente entendermos o que somos.
Uma lágrima desabrocha e cai de um modo elegante neste livro, cresce nela um brilho especial, escorre e desaparece tranquilamente neste mundo de momentos. Procura matar as saudades dos tempos em que era um sorriso. Viaja pelos beijos dados, pelas lágrimas, pelas gargalhadas e pelo tempo que esperei por ti.
Eu já esperei por ti. E continuarei a esperar se for preciso. Procurei-te por todos os lugares que existiam ao meu alcance, imaginava que vivias num mundo longe do meu, mas a verdade é que o lugar mais perto de mim foi o que eu esqueci de procurar. Estives-te sempre a meu lado e eu nem dei conta. O teu cheiro, a tua voz, os teus gestos, tudo era-me imperceptível até um ponto, tanto te procurei que perdi as minhas forças e deixei que fosses tu a encontrar-me. E encontraste-me. Mas desde aí vi-te partir muitas vezes. E outras tantas vezes senti o teu abraço de um regresso inesperado. Mas esperei sempre. Por cada vez que partias eu esperava por ti no mesmo sitio que me havias deixado. Tinha tempo para contar todas as horas, cantar cada nota dos segundos, adormecer com cada por do sol e acordar com o seu nascer. Muitas vezes adormeci com lágrimas nos olhos e frio no corpo, mas o meu coração tinha a esperança do teu regresso que o aquecia. Vi coisas inimagináveis, senti uma grande panóplia de cheiros, senti a barriga roer de fome e a minha garganta ressequida. Mas esperei sempre por ti. Nunca desisti. Acreditei sempre que virias de novo até mim, sentia que eras meu, e o que é nosso volta sempre a nós mais cedo ou mais tarde. Sonhava em cada noite ver te chegar de comboio, desceres com as tuas malas pesadíssimas e caminhares até mim. Chegarmos perto um do outro, tão perto que fosse possível ouvir a tua respiração forte e inalar todo o teu cheiro. Queria olhar-te nos olhos e ler o que eles diziam. Esperava um abraço teu que colmatasse todas as fragilidades que passei pela tua ausência.
Eu esperei sempre por ti, apesar de todas as dificuldades. E tu sempre voltas-te para mim, não em sonhos, mas na realidade. Não chegaste num comboio nem eu adormeci numa estação, mas senti sempre o abraço do teu regresso, tive o prazer de receber um beijo teu e sentir que era levada por ti para outra dimensão, uma que só a nós pertence.

Eu esperei. Tu voltaste. E hoje somos.

Foi mais uma página escrita…

Sonhar não chega...

Todos nós temos sonhos e a sede de os realizar. Criamos expectativas elevadas sem termos bases para as segurar, procuramos um porto seguro para as guardar mas esquecemos os vendavais que existem e não nos preocupamos em proteger aquilo que é nosso.
Não raras vezes, limitamo-nos a depositar tudo o que é nosso num outro alguém que na verdade nem conhecemos, acreditamos que o amor é de confiança e que nunca trai, oferecemos os nossos sonhos e assim construímos o nosso lar perfeito. Levantamos paredes finas e um telhado frágil, mas isso não nos incomoda, o que interessa é que erguemos o nosso abrigo. Vivemos assim no conforto do que só existe na nossa imaginação, não queremos mais nada e acreditamos que tudo aquilo é para sempre.
Duas vezes bate a desilusão á porta do nosso sonho, ignoramos o aviso e continuamos a viver o que não é verdadeiro. Não queremos abrir os olhos e esquecemos o que o passado nos ensinou. A desilusão por vezes é nossa amiga, alerta-nos no passado das mais severas coisas que magoam nosso coração, mas nós insistimos que temos sempre razão e continuamos…e pela terceira vez a desilusão bate á porta, nem dá tempo de resposta e rapidamente destrói tudo aquilo que construímos ao longo de muito tempo, mas que só existiu na nossa imaginação. É essa imaginação que nos faz criar ilusões, e só quem se ilude é que se desilude.
Por vezes precisamos de ser exigentes naquilo que queremos para nós. Não basta construir no imaginário é preciso passar tudo para a realidade. É difícil, mas se for verdadeiro e sincero resiste a tudo. E no fim, é preciso preservar.

Nunca ninguém disse que o amor era fácil.

A parte que eu não conhecia...

Nunca imaginei. Sempre soube que existias, sempre passamos lado a lado como desconhecidos. Por diversas vezes te reconheci ao longe. Sabia teu nome sem saber quem eras na verdade.
Cheguei ao ponto de te conhecer. Tocar teu rosto com os meus lábios no gesto de carinho normal de quem se vê pela primeira vez.
Só não sabia que tinhas vindo para ficar. Ficaste e permaneces. Ajudas-me a juntar peças do puzzle que é a minha vida, quando eu não a compreendo és tu quem ma explica.
Entre o teu coração e o meu utilizaste um fio feito de um material delicado e sensível no qual é impossível dar importância ao tacto, criaste através dele um caminho sem pedras, para se eternizar, um nó foi concebido e como uma cereja em cima do bolo, comemoras te tal ligação com um laço perfeito.
Dias e dias, noite após noite és tu quem está a meu lado mesmo em forma invisível. És tu o meu porto de abrigo em dias de tempestade na minha cabeça. São as tuas palavras que me embalam em cada noite, que me fazem adormecer tranquilamente nas nuvens da tua protecção. Talvez seja a ti quem devo a minha vontade de todos os dias me levantar da cama, dar bom dia ao sol e ao mundo e querer correr caminhos nunca antes conhecidos.
Só em pensar que posso perder tudo o que sem perceber me dás, faz correr em minhas veias um medo aterrador que se alimenta da minha fraqueza e que poderá um dia desfazer-me num pó que o vento levará para aquela rua que nunca chegamos a conhecer.

Em mim, existes mais tu que eu.

Promessa por prometer...

Houve alguém que fez uma promessa, houve alguém que desapareceu e levou a promessa consigo, houve alguém que começou aquilo que sabia que não ia terminar.
Agora a ti peço para não me fazeres promessas, elas não passam disso mesmo, palavras soltas ao vento expulsas de nós no auge da emoção, quando deixamos de lado a verdadeira realidade.
Essas palavras ditas, que no momento fazem o coração rejubilar de alegria e os olhos brilharem que nem diamantes, nascem para viverem enclausuradas numa garrafa e perderem-se na imensidão do esquecimento até que a sua validade ultrapasse os limites do tempo.
Comparo uma promessa a uma mentira disfarçada. Nasce para não perfurar um coração com a sua bala cheia de verdade. Mas eu não quero que me atires mais areia para os olhos, deixa-me ver tudo o que existe tal como é, quer seja bom ou mau, afinal é o que a vida me reserva. Não te preocupes com a minha fragilidade, o stock de lágrimas destinado a promessas incumpridas está prestes a esgotar-se. Aprendi que há ligações que se quebram e mãos que se unem, sem nós termos qualquer tipo de poder sobre elas. Não faças promessas que de nada valem.
Não quero mundos nem fundos, nem amor prometido, quero apenas que me dês o que sabes e deixa o amanhã trazer o que te devo.
É de minha livre vontade viver na incerteza do incerto, descobrir a nova luz de cada nascer do dia, saborear cada momento sem pensar se tinha ou não tudo aquilo prometido.
Queres que diga se te amarei eternamente? Não sei. Mas enquanto o amor existir eu vou te amar.

As tuas estrelas...

É mais uma noite á espera de um novo amanhecer. Mais um caminhar em direcção ao quarto, uma visita ao travesseiro que todas as noites escuta os meus desabafos e abraça os meus pensamentos guardados em segredo.
Vou, quase como se fosse um ciclo vicioso, até á janela, afasto as cortinas, abro-a e escuto o que há lá fora. É estranha a noite. Tem o seu jeito inocente de levar pela mão cada um a adormecer tranquilamente e tem o seu lado assustador, a escuridão que acompanha cada noite tem o prazer de encobrir cada passo, cada grito, cada olhar.
Observo através da minha simples janela, o meu olhar provavelmente se perderia na hipótese de não existir aquela luz ao fundo da rua que ganha por segundos género de vida própria e insistentemente guia meu olhar e prende o meu pensamento. Foco-me nela, penso e volto pensar, o porquê de necessitar de visitar a noite, qual o significado da partilha de segredos que entre nós fazemos, por que motivo me sinto eu acompanhada por aquele silêncio que me diz tantas palavras.
Um vento fresco toca no meu rosto e me faz sentir o cheiro da Lua que embeleza este momento. A noite provoca em mim um sentimento de solidão, mas quase que simultaneamente a sensação de conforto. Não há nada, apenas a noite e eu. Sozinha, meia que acompanhada, escuto o que o barulho do dia não permite, vejo o que a luz do sol não consegue alcançar. Olho o céu, tento contar as estrelas que tornam esta noite mais acolhedora, pensei dar um nome a cada uma delas, mas a sua essência está no seu anonimato, prefiro preserva-las como singelos ser estranhos que apenas me observam. Chego a interrogar-me se tu, naquele preciso momento, olhas o mesmo céu que eu, se as estrelas que te vêem dormir são as mesmas que me falam ao ouvido. Quantas estrelas tem o teu céu?
É assim que o cansaço chega, tal como um aviso e me diz que é hora da despedida. Apreendo no meu olhar tudo o que vejo, afasto-me da janela, fecho-a. Volto á minha cama, abraço-me aos lençóis e deixo a minha cabeça se reconfortar no travesseiro e relembro como se fosse película de filme toda a noite que vi e ainda vejo só em mim.

E o teu céu, quantas estrelas tem?

A flor...

Ainda tenho aquela flor. A flor com pétalas delicadas, com um cheiro agradável, com uma cor apetecível de abraçar. Hoje ainda a tenho, a flor que tu me deste.
Foi num dia de Primavera que estavas de mãos dadas comigo que paras-te quando vislumbraste a teu lado um canteiro colorido e sorriste inocentemente para mim. Eu fiquei a olhar para ti, como sempre, hipnotizaste-me com esse sorriso de menino rebelde mas sensível. Insisti para continuares a caminhar a meu lado, mas tu recusaste. Obrigaste-me a parar e eu cheia de vontade de continuar caminho, nunca gostei de estar muito tempo no mesmo sítio e tu sabias bem isso, mas naquele momento pediste carinhosamente para esperar uns instantes e apreciar aquela pequena bela paisagem.
Após uns segundos de silêncio pediste-me para escolher a flor que gostava mais. E eu num gesto rápido e quase que inconsciente apontei para aquela flor de cor lilás, que nunca antes havia visto mas que despertou logo em mim admiração. Estava acompanhada de outras flores também elas bonitas, mas bastante comuns, esta destacava-se pela sua leveza e simplicidade.
-“É aquela, é aquela a flor que eu gosto mais” – disse eu enquanto apontava.
Tu, largaste subtilmente minha mão e caminhas te em direcção a ela. E com as tuas mãos fortes mas ao mesmo tempo suaves recolheste tal flor. Voltas-te ao pé de mim e entregaste-ma. Com o meu sentido crítico, reprovei a tua crueldade de teres roubado a flor daquele jardim. Mas pacientemente sorriste para mim, olhaste-me com carinho, ignoraste as minhas palavras e colocaste a flor no meu cabelo. Pregaste teu olhar em mim e disseste com palavras amorosas que tal flor só conseguiria ter uma beleza completa se estivesse junto a mim. Fiquei sem palavras, agarrei tua mão e voltamos a caminhar.

Obrigada pela flor.
Ainda hoje tenho aquela flor, que sem medo prendeste eternamente a meu coração.
Ainda tenho a flor, a flor que me deste.

Caixinha...

Por vezes paro no tempo. Absorvo como que com uma esponja toda a minha personalidade, forças e vontades para dentro daquela caixinha que em tempos alguém me deu. Pintada de azul da cor do mar, protege tudo o que eu sou por uns instantes e assim fico apenas eu sem mim. Ali dentro contemplo com nostalgia tudo aquilo que foi e que nunca mais será conjugado no presente do verbo ser.
É nestes momentos que me sinto livre de tudo, onde apenas me prendo a algo que me dá prazer. Não há consciência apenas sentimento. Mergulho no mar de incertezas que no fim da viagem me faz chegar a uma ilha de certezas.
Minha alma percorre lugares que só ela conhece, atravessa memórias de que só ela tem a chave.
Meu corpo, esse fica impávido e sereno, permanece intocável tal como o deixei, apenas marca presença e é o meu ponto de chegada ao mundo real. E é num passo de mágica que aterro meia atordoada a este meu corpo. Reparo que tudo se mantém igual. Observo pela janela e o mundo continua lá fora, o vento continua a soprar.
Aquela caixinha volta para a prateleira e de lá recolhe cada passo dado na minha vida, quando tiver saudade, basta abri-la e sentir o cheiro do passado.

A metade...

Perdi metade das minhas palavras, reparei que tinha o bolso esquerdo rasgado e por ele fugiu tudo o que lá havia. Perdi assim metade de mim, resta-me reconfortar-me em desabafar com as palavras que ainda restam, que bem ou mal lá tentam traduzir o que vai em cada pedaço de mim.

São poucas eu sei bem, mas com pouco se faz muito e com nada se transforma tudo.

É um não saber...

Vou ver o que não vejo, dizer o que não sei, sentir o que não conheço, contar o segredo que não tenho. Quero ir ali mas não tirar os pés daqui, sentir o vento deste dia abafado, sentar no ar mas não parar, no fim de contas quero o que não sei, quero o que não tenho.
Vou dar um passo, dois passos, três passos, vou olhar para a esquerda e para direita, olhar para o chão e para o céu, tentar encontrar o que não existe e acalentar-me com o que não encontro.
Existe um vazio que só por si só enche uma parte da vida, se não fosse ele, se não fosse o desejo de o preencher não existiria uma vontade de avançar, de encontrar o segredo que diminui a ausência e aumenta a presença. Sei da tua existência e qual o teu valor, acabo por te procurar aqui, ali e acolá mas não sei porque nasceste nem se vais morrer.
És a minha sombra constante que me persegue mesmo em dias nublados, és o outro lado das minhas lágrimas, o verso das minhas páginas, o reflexo do espelho. Sinto-te sentado a meu lado a estabelecer um diálogo incolor, a tocar cada pensamento meu que vagueia pelo caminho sem estrada.
És parte de mim, já aprendi a viver com o teu lado de nada. És o vazio que me faz companhia e por ti prometo encontrar a essência que num toque de magia te torna cheio e liberto de mim.

O segredo do Segredo.

E é um evoluir constante, uma procura desenfreada de respostas para tudo e mais alguma coisa, uma curiosidade que por vezes mata a essência daquilo que na verdade não tem explicação.
Que o Homem é curioso isso ninguém pode negar e ainda bem que assim é, precisamos de avanços a todos os níveis para nos desenvolvermos, mas talvez tenhamos chegado a um limite onde as respostas já não existem, onde as perguntas são já rebuscadas em demasia e são carentes de sentido.
Quando tudo já tem explicação caímos no ridículo e atingimos o momento de questionar o inquestionável. Actualmente são feitos estudos, pesquisas, teses…sobre o quê? Sobre o AMOR! E quanto tempo dura? De onde nasce? Porque se sente? É verdade que tal sentimento suscita variadas interrogações, mas defendo que a maior parte delas são retóricas. Como já ouvi dizer, o amor não se explica, sente-se. Talvez porque já tenham explicado cada molécula, cada doença estrambólica que aparece, cada comportamento do mundo animal, ao pormenor, os cientistas necessitam de encontrar algo para ocupar o tempo e iludir as pessoas. Quem sabe um dia não inventam um medicamento que domine todas as hormonas e faça aquela tal pessoa se apaixonar por nós, quem sabe se já não existe tal comprimido milagroso.
O problema infeliz é que hoje em dia o amor já não se sente mas explica-se, ora até acho isto “natural”, visto que este mundo anda todo às avessas.
Mas, valerá a pena explicar algo tão belo como o amor? Tem efeitos incompreensíveis nas pessoas é verdade, mas a sua pureza é isso mesmo, provocar reacções fabulosas capazes de tornar alguém feliz. Não vamos explicar aquilo que não tem explicação, ou então vamos desperdiçar tempo precioso e deixaremos de viver o que realmente interessa. O que importa é amar e ponto final.

Amem e não questionem, sintam e sejam felizes.

É ali...

Vem por aqui. Não tenhas medo, desfruta desta bela paisagem. Olha como o sol nos faz companhia e aquece estes dias doces de Verão.
Dá-me a tua mão, quero-te junto a mim e que me dês segurança. Devagar, muito lentamente vamos caminhando por esta estrada que desconhecíamos. Pedras, pedrinhas, flores e mais cores, como é lindo tudo isto.
Não te contei, mas quis que viesses comigo para te levar aquele sonho que uma vez sonhamos juntos. Onde o nada é sinónimo de tudo. A relva é macia e caminhamos livremente sobre ela, o arco-íris é pano de fundo que contrasta com o azul do céu. Como gostava de começar aqui a nossa história…

Vens comigo?

Ponto Final.

Estás feliz ao lado de alguém que não sou eu, já nem sentes a minha ausência, pelo menos não tanto quanto eu sinto a tua (ou melhor sentia). Fizeste alguns estragos quase irreparáveis, mas nem te preocupaste em receitar-me o melhor medicamento que curasse a tua ausência, nem um pano molhado com as minhas próprias lágrimas te dignaste a passar sofre a ferida que durante tempos fez escorrer o meu sangue já gasto e invisível mas que eu sentia.
Após algumas lutas violentas com o meu coração decidi expulsar-te definitivamente do abrigo que te dei este tempo todo. Espero que tenhas aproveitado bem a estadia, mas por falta de amor a tua permanência neste lugar acolhedor terminou.
Um ponto final nasceu para esta história que nunca teve uma explicação para o fim.
Agora sou eu que quero desamarrar as cordas que ainda me prendem a ti, quero partir o meu coração em pedacinhos e voltar a juntá-los sem que ele tenha as tuas marcas.


Espelhei em cada palavra, a última mágoa, a última lágrima que por ti nasceram…

.

…e mais uma vez viramos uma página da nossa vida, olhamos para as folhas passadas, já amachucadas, e reparamos que existem linhas vazias, palavras por escrever, tinta de esferográfica por gastar…
Há momentos que na verdade nunca nos pertenceram.

Rua sem fim

A vida lá fora corre sem ninguém dar por isso. Tudo acontece sem ninguém ver. O vento vagueia pelas ruas desertas, compostas por estilhaços de cada personagem que por lá passou. Cada lugar tem a história de alguém, palavras esquecidas por quem um dia viveu o que lá deixou.
No chão frio e sujo, procura abrigo um sorriso sem dono que ficou perdido e agora apegado a uma estrada sem fim á vista, todos os dias calcada por desconhecidos sem vida. A noite e a rua sedenta de segredos, amantes sem razão, partilham entre si tudo o que viram, cada história que com prazer observaram, cada vida teatralmente encenada no meio do nada.
Um novo dia, um silêncio indiscreto, um rodopio constante, uma perda de pedaços de vida que caem a cada passo do bolso de quem por aquela rua arrasta sensações e sonhos que o próprio desconhece. Cada um traz em si desejos e um destino que renegam uma, duas, três e mais vezes. Ninguém quer, nem tem coragem de olhar para trás, levantar delicadamente o que deixou cair e voltar a caminhar, é mais fácil revogar para o depois o que na realidade queremos ser mas não conseguimos.
A vida é mesmo isto, uma rua sem fim, que em cada pedra tem a história de cada um de nós, guarda todas as vontades desperdiçadas e por vezes nos permite voltar atrás e recuperar o que perdemos, basta nós querermos.
Regras:
1. Colocar o nome do blog que indicou o prémio
2. escrever uma mensagem de agradecimento ao blogueiro que to indicou.
3. postar o selo.
4. descrever cinco características suas.
5. indicar o prémio a cinco blogs para receber o selo e descrever a pessoa que o «dirige» ou o blog em questão

*1 Untitled
*2 Obrigada Rita por me teres oferecido este prémio (:
*4 Sou lamechas, divertida, boa ouvinte, teimosa e orgulhosa.
*5 Riscos e Sarrabiscos - a escrita dela tem uma magia que contagia qualquer leitor.
Untitled - identifico-me com todas as palavras lá escritas, o textos dela transmitem sentimentos que existem em mim.
Carossel - um bog cheio de movimento e sentimento.
Ser amarelo - explosão de sentimentos. Escreve com o coração.

Regras:


1. Linkar o blog que te passou o selo e publicar o mesmo;

2. Dizer o nome de cinco pessoas muito especiais;

3. Pedir um grande desejo;

4. Passar este selo e desafio a dez blogs que sejam "um amor" e avisá-los.


*Oferecido por : Untitled


*Cinco pessoas muito especiais: Miguel, Ana, Maria, Sílvia, Sté


*Um desejo : Ser feliz (:


*Passo este desafio a todos aqueles que quiserem.

Last time...

E de repente tudo acaba! Não existe carta por mais bem escrita que seja, nem palavras por mais bem escolhidas e desenhadas capazes de descrever uma partida não desejada. Um dia tinha te a meu lado e no seguinte, expulsava todo o meu ódio contra uma parede a desmoronar-se a cada minuto.
Vivi num sonho em que o mais ínfimo pormenor tinha grande destaque, eu queria que tudo fosse perfeito, cada beijo, cada abraço, cada passeio de mãos dadas, que cada tudo fosse inigualável. Enganei-me redondamente. Tanta perfeição talvez te tenha assustado, te afugentado de mim, nunca percebeste que cada minuto que eu estava contigo, por mínimo que fosse, eu era só tua. Fiz coisas que achava impossíveis, disse palavras que nunca pensei ser capaz de proferir, tudo por ti. Enquanto estavas longe eu sofria tanto ou mais que tu, não foste a única personagem sofredora desta história, até o sofrimento quis que partilhasses comigo.
Um fim de tarde disse-te “Adeus” sem eu imaginar que seria o último. Vi-te partir com a esperança de te voltar a ver dentro de poucas horas. Contudo o mesmo caminho que te trouxe até mim, que eu um dia agradeci por existir, foi o meu maior inimigo por te ter levado para o longe que eu nunca desejei existir. E, sem explicação plausível nem aviso prévio eu perdi-te. Nunca mais te vi. Nunca mais ouvi a tua voz. Apenas te limitaste a escrever, e mal, aquilo que eu nunca quis ler. Não tiveste coragem de me enfrentar e explicar todos os meus “porquês”. Hoje, não necessito dessas respostas, apenas tenho real noção que nesta história foste sempre um cobarde. Apenas lamento que tenhas desperdiçado tudo o que te dei, acredita que te dediquei amor, felizmente, não todo o meu amor.
Talvez te tenha conhecido na altura errada. Vivemos a nossa história numa idade onde o “sempre” ainda não existe, onde a dedicação por maior que seja não faz ainda sentido nem tem qualquer tipo de importância.

Inspirar...

Que sufoco. Quero falar mas não consigo. Sinto nos meus lábios um sabor amargo, ardente como se cola se tratasse. Como se unisse eternamente estes componentes do meu corpo que se movimentam a cada palavra pronunciada. Mas agora estão fechados sobre si, impedem a saída de qualquer desabafo de mim. Acumulam desilusões e frustrações escondidas nos escombros do desconhecido. Opção mórbida de ruminar o que já deveria ter sido digerido.
Sinto na minha garganta um acumular de pedaços de nada que apenas proíbem a passagem do licor que adoça a vida. É um esforçar pelo irremediável.

Guardian Angel

Saio de casa á pressa, cega, surda e muda. Com um ar ainda sonolento pego inconscientemente nas chaves de casa e percorro o percurso de sempre, aquele que me dá sem voz um “Bom dia” que faz meu corpo lentamente sentir o novo dia que acorda e corre sem esperar por ninguém.
Sinto em mim o peso de um corpo sem dono nem movimento, apenas centrado nuns pés frágeis que caminham em direcção ao nada.
Ignoro o exterior e deixo-me flutuar no mar de pensamentos que inunda minha cabeça. Esqueço de olhar as cores, de respirar o ar, de sorrir aos corpos sem nome que deambulam a meu lado. Vivo certamente num mundo á parte que espera um grito de guerra, que eu ainda não tenho forças para dar voz.
Olho para o meu lado esquerdo de relance e vejo algo que não consigo identificar. A cegueira que domina meus olhos impede-me de decifrar o vulto que observei refugiar-se numa sombra pálida. Não sei quem és, mas já te vi sem ver várias vezes, desconheço teu rosto, recolhes no teu olhar apagado cada centímetro do meu corpo, mas não me dás o prazer de te visualizar á luz do sol que te aquece tanto a ti como a mim. Mas sinto a tua presença como se o teu corpo estivesse colado ao meu. Como consegues?
Responsável és tu pelo nascer de perguntas intermitentes no meu cérebro descontrolado. És tu que me adormeces todas as noites? Pertencem a ti as mãos que cuidadosamente desembaraçam cada madeixa do meu cabelo adormecido? É teu o corpo que me abraça no respirar silencioso da noite? És tu quem me beija sem lábios ao todo anoitecer?
Como conheces tu todos os meus medos? Como sabes que tenho medo de caminhar sozinha?

Quem és tu?

Um aparte de parte!

Que vivemos num mundo e numa sociedade que se alimenta de egoísmo, hipocrisia e carência de inteligência todos nós sabemos, mas mesmo tendo consciência de tal realidade, é difícil aceitar todas as injustiças com que somos confrontados. Diariamente somos invadidos por notícias que nos deixam aterrorizados.
Anda nas bocas do mundo uma espécie de assunto que suscita muita discussão com opiniões bastantes controversas, seu nome é “Superior Interesse da Criança”. É um tal jogo pouco divertido, com consequências graves e que põe a nu a burrice do Homem. É um empurra para lá, um puxa para cá, um tiroteio de insultos, uma publicidade dos podres de cada um dos lados em questão. Realmente existe um interesse por parte de cada um dos intervenientes (que eu dispenso explicitar), no entanto a criança em causa em nada lucra com este teatro. Ao menos nestes assuntos toda a gente tem o direito de opinar, quer tenha conhecimento pleno do caso ou não percebendo minimamente do que se trata, mas mesmo assim o que interessa é mostrar que tem voz nesta sociedade. No meio de tanto “eu acho…”, “devia ficar com…” “não concordo…”, entre outros, a criança em causa é que não tem qualquer tipo de direito de intervenção, é como se colassem os lábios dela e transformasse-se num boneco nas mãos de umas crianças ainda mais infantis que ela própria. Burocracia á parte, digamos que uma criança por mais imatura que seja certamente escolhe o amor á violência (o que actualmente parece ser uma escolha difícil para os adultos).
A estrela desta peça nunca deixa de ser a criança em questão, que é obrigada a uma exposição pública cruel que possivelmente terá consequências drásticas no seu desenvolvimento que deveria ser normal, no entanto, tal problema parece não ter importância para entrar em cena.
Caros senhores adultos, exageradamente maduros, possuidores de doutoramentos, licenciados em tudo e mais alguma coisa, donos de um conhecimento geral invejável, caso seja possível demonstrem as vossas verdadeiras capacidades intelectuais e percebam de uma vez por todas que uma criança apenas precisa de amor! E já agora, o amor ainda é das poucas coisas que não se compra, por isso não teimem em renegá-lo tantas vezes.

Amigos (de)coração!

Nascemos sem pedir, morremos sem querer. Fomos cuidadosamente colocados neste mundo sem limites que nos impõe regras sem sentido e nos apresenta uma grande variedade de pessoas. Desde seres humanos puros, inteligentes até aos mais falsos, sem escrúpulos que ignoram por completo a palavra “Respeito”.
É isto que me assusta. Por vezes interrogo-me até que ponto conheço as pessoas que me rodeiam. E constantemente me surpreendo com as conclusões que retiro a cerca de cada um. A verdade é que diariamente tenho provas da falta de integridade do ser humano. Observo atitudes reprováveis no meu ponto de ver, mas no fundo, tudo é muito subjectivo. Talvez hoje seja mais importante a futilidade á sinceridade e humildade.
Os valores já não existem, a boa educação é coisa muito antiquada, a sinceridade desapareceu do vocabulário comum. Aprendi a confiar desconfiando, infelizmente nos nossos dias não se pode “por as mãos no fogo” por ninguém. Amizades já não são o que eram, impera a falsidade, desrespeito, interesse, rivalidade. Não, isto não é amizade, nem de longe, é apenas um “ ah, somos da mesma turma, DÁ JEITO darmo-nos bem”. Por favor poupem-me a tais acordos ridículos.
Um amigo, partilha segredos, devaneios, discute, chora com o outro, ri com quem ri, é sincero no momento em que é preciso, põe em primeiro o interesse do outro do que o dele próprio. Nunca ninguém disse que a Amizade era fácil, é preciso dedicação, uma entrega tão ou maior do que aquela que damos á nossa cara-metade.
Ao longo deste pequeno percurso de vida desiludi-me com quem amava como amigo, mas a verdade, é que quem é amigo de verdade está sempre lá quando é preciso, seja apenas um ou cinco, o restante é apenas acessório de decoração.

Somos nós

9 Meses.
Amizade, Carinho, Compreensão, Paciência.
Não é preciso dizer muito mais, tu entendes.
O restante é só nosso. (L´

Sensações e ilusões

Olhei, cheirei, toquei, abracei e chorei, tudo pela última vez. Vi-me rodeada de fotografias, papéis, pulseiras, lembranças de não sei quem, pedaços ti, de ti e ainda de ti, objectos que já nem sei qual o seu valor, um dia foram importantes e hoje até já me tinha esquecido que existiam. Sentada no chão do meu quarto, completamente abstraída deste calor infernal, apenas entregue ao mundo das recordações. Sorri inocentemente ao deparar-me com tal quantidade de objectos anónimos.
No fundo é bom voltar ao passado de uma forma inesperada mas que acalenta um coração cheio de saudades daquilo que já fui e não mais voltarei a ser. Tenho uma certa dificuldade em afastar o passado, quanto mais longe ele está mais me apego a ele. Mas agora preciso apenas e somente libertar-te de ti, quero que fiques tão longe quanto está o Nosso passado.
E foi hoje. Peguei em tudo o que era teu e deitei janela fora. Abri o baú das recordações e expulsei tudo o que já não faz sentido na minha vida. Tu és uma delas. Vi o vento levar cada bocado de mim, ainda tentei agarrar de novo cada pedaço despedaçado, foi em vão, já estava destinado me separar de ti definitivamente. Antes disto, com receio da despedida final até criei uma banda desenhada só para ti, onde eras a personagem principal. Prendi tu o que era teu a uma folha de papel, peguei em lápis de cor e pintei com as cores mais bonitas o mundo que deixamos por construir. Mas não eras tu, era um boneco, sem sentimentos, sem voz nem pensamentos, que sorria quando eu queria, desaparecia quando por momentos me esquecia de ti. Peguei nessa história infundada e deitei, sem remorsos, para o mundo lá fora. Agora, até nunca mais. Cria raízes noutro coração inocente e não voltes atravessar meu caminho. Olho para trás já não há nada, apenas vento acariciar o meu rosto, o mesmo vento que te levou para outro destino, que eu não sei nem quero saber qual é.

Eu até tentei...

Experimentei todas as formas possíveis e imagináveis esquecer-te. Fechei os olhos e tentei fazer uma lavagem á minha memória, para esquecer esse teu sorriso que me apaixonou, mas não adiantou. Decidi comprar um bilhete de ida para a terra do Nunca, para Nunca mais me recordar de ti, mas as passagens estavam esgotadas. Procurei a chave da porta do meu passado para te fechar num mundo esquecido, mas surgiu na minha mente a tua faceta de claustrofóbico, apesar de tudo não te quero provocar muito sofrimento, então reneguei esta ideia. Cheguei até ao ponto de contar carneirinhos, com o objectivo de te tirar do meu pensamento, mas a verdade é que acabava por adormecer.
Como é óbvio todas estas tentativas foram um fracasso. Na realidade, tu fizeste e fazes parte da minha história de vida, deixas-te a tua marca no meu passado. E todas as histórias, felizes ou menos felizes, têm um passado, um presente e um futuro. E como eu tenho todo direito a ter a minha história completa, decidi dar-te abrigo e deixar livre a tua presença onde quer que seja. Apenas te peço para não me incomodares, controla a tua inquietação e não tomes de assalto os meus pensamentos.
Tentei tirar-te do pensamento, mas a verdade é que vives no meu coração.

Perco os sentidos

Estás em frente a mim, um metro é simplesmente o que nos afasta. Fixo meus olhos nos teus e perco-me em tal simplicidade e encanto. Redondos, cor de avelã, penetrantes e apaixonantes, são assim os teus olhos, o meu pecado e maior perdição.
Atrás de ti o azul do mar, o barulho das ondas a abraçar areia como se fossem um casal de apaixonados que se funde num abraço caloroso e forte. Era abraçada a ti que eu queria estar naquele instante. Mas o pedaço de areia que nos afasta parece um longo caminho, não tenho coragem de me aproximar do teu corpo. Tenho medo de te tocar e me viciar na tua pele um pouco queimada do sol mas que me atrai de forma brusca.
Passam horas e enrolados na nossa conversa nem sentimos o tempo passar, tudo á nossa volta anda, rodopia, corre, grita e foge. Mas nós continuamos sentados como de inicio, tal e qual, eu mergulhada nos teus olhos e o meu sorriso a cativar-te.
Lentamente, de uma maneira hesitante vais aproximando tua mão da minha. Sinto como se tivesse dentro de mim um bando de borboletas tropicais, raras e de grande beleza. Tocas-me levemente. Como é bom sentir-te. A tua mão suada devido ao calor estranho daquela tarde de Primavera aos poucos segura na minha. Teus dedos sobre os meus, em movimentos suaves e amorosos entrelaçam-se. Estes momentos fascinam-me, em longos segundos te sinto cada vez mais perto de mim. Apenas estamos de mãos dadas, mas o vento delicado que nos faz companhia é como se me abraçasse e me fizesse sentir segura a teu lado. E agora. Um turbilhão de emoções invade meu corpo por inteiro, arrepios demonstram o nervosismo que vai em mim. Tu aproximas teu rosto do meu, os teus olhos voltam de novo a ter um grande controlo sobre meus movimentos, sinto a tua respiração sobre mim, certamente és capaz de ouvir o bater do meu coração, revolucionas-te todo o meu corpo. Os teus lábios, sinto-os subtilmente nos meus, fecho os olhos e deixo-me levar por ti, agarras-me forte, parece que perco os sentidos, apenas o teu beijo me mantém viva.
Calmamente nos voltamos afastar, teus lábios deixam os meus, volto a centrar-me nos teus olhos, e deixo fluir com a minha voz trémula palavras sem sentido mas que tu foste capaz de compreender. Provocas te em minha alma, corpo e mente uma das melhores sensações que já vivi. Calor arrebatador que fez explodir meu coração, arrepios que cobriram todo o meu corpo, tremer das minhas mãos que te tocavam, o perder de sentidos que me fez descobrir que eras tu a minha fonte de vida. Tudo isto num simples toque de lábios e troca de saliva.
Foste sonho, foste momento, foste parte de mim.

Aqui e agora.

Ao longo do jogo que é a nossa vida, constatamos que dentro da nossa cabeça acontecem dezenas de equações problemáticas com um elevado nível de dificuldade de resolução. Pensamos nós que isto é a principal razão pela qual o jogo da nossa vida acaba tão rápido. Mas se realmente tomarmos atenção existem outros componentes que interferem directamente com este jogo de longos minutos.
Inconscientemente passamos os dias a relembrar o Passado e a partir deste construímos o Futuro, no entanto entre estes dois espaços temporais deixamos passar despercebido o Presente. Uma real dádiva que deixamos deslizar entre os nossos dedos, consequência disto é que somos incapazes de usufruir do tempo que passa.
Inevitavelmente surgiu na minha mente uma questão um pouco pertinente.
-“Como posso então aproveitar cada momento, o dito Presente?”
E então uma voz madura me respondeu:
-“Respira. Pratica o silêncio e a tranquilidade”
Pois bem, após isto tomei consciência de como desperdiço cada instante. Sempre que estou ocupada tenho o meu pensamento permanentemente noutro lugar distante daquilo que estou a fazer. Por exemplo, se estou de férias tenho tendência a pensar sobre o inicio das aulas, e quando estou em tempo de escola apenas me ocorre no pensamento as tais férias. Ou seja, além de “sofrer” antecipadamente com o chegar do inicio das aulas deixei de aproveitar as férias tão desejadas. Começo achar que devemos ser os seres mais inconstantes, descontentes e incompreensíveis.
Contrariamente ao que achamos, nós somos controlados pelos pensamentos. São eles os principais culpados por não aproveitarmos o Presente, eles têm um poder enorme de nos bloquear e distrair do momento vivido. Outro exemplo, quando vamos a um lugar bonito, temos a tendência de fazer o seguinte comentário: “que lugar bonito, quero cá voltar um dia!”, será que nos custa tanto assim perceber que já estamos naquele tal “lugar bonito”? Apenas nos ocorre a ideia de irmos lá futuramente e deste modo somos impedidos de usufruir daquela oportunidade. Seria muito mais fácil e proveitoso relaxar e concentramo-nos no que estamos a fazer naquele momento.
O que realmente precisamos de aprender é a saborear cada momento, para isso é necessário activarmos a nossa atenção plena. Comecemos por observar este preciso momento. Vê, cheira e ouve. Não te preocupes com as sensações proporcionadas sejam elas boas ou más, apenas deixa-te levar por elas. E repete para ti: ”agora, agora, agora”. Isto é um pouco do Presente que teimamos a ignorar.

“Saborear. Apreciar o momento faz as pessoas mais felizes – não apenas o momento em que o chocolate se derrete na boca, mas o seu efeito duradouro.”

Gostei...

"Gostar, sentimento algo profundo, capaz de dominar qualquer sentimento racional. Penetra na nossa mente, acalenta nosso coração e escolhe cada palavra trabalhada pelas cordas vocais. Permite esquecer tragédias, relembra que estamos vivos e alimenta nosso sorriso."

Eu hoje poderia: amar-te, odiar-te ou ignorar-te. Aparentemente é uma escolha difícil. No entanto tu com o teu ego elevadíssimo acreditas seriamente que eu te amo. Mas lamento, erras-te desta vez. Eu desisti de ser apenas mais uma na tua vida. Contudo, admito aqui mesmo, que gostei de ti, não amei é certo, mas tive um carinho bastante especial por ti, podes acreditar. Ao longo de um tempo na minha vida, tu foste a luz que iluminava o meu caminho, a minha inspiração constante, a água que saciava a minha sede, aquecias o meu coração com palavras de amor e eu respondi da mesma forma, apenas te queria ver feliz. Era impossível eu imaginar um futuro sem ti, hoje percebo a minha ingenuidade, acreditava que a minha vida apenas tinha um sentido, TU! Mas um dia…Puff, tudo desapareceu. Onde estás? Perguntas como esta preencheram a minha cabeça por períodos prolongados. Dentro de mim existia um vazio enorme.
O normal agora seria odiar-te. Provocas-te em mim um grande sofrimento que eu sei que não merecia, apenas te queria ver feliz a meu lado. Mas odiar-te é coisa que não consigo. Jamais deixaria me auto-destruir só a pensar em vinganças. Não, não e não. Sabes bem que ódio não faz de todo parte da minha personalidade, não tenho paciência nem capacidade mental para suportar tal sentimento em mim.
Só me resta ignorar-te. Com o tempo vou aprendendo a que tu me sejas indiferente. É certo que ainda escrevo para ti, mesmo sabendo que tu não lês, apenas tenho esta forma de libertar tudo o que está no meu coração.
Prefiro ignorar-te porque só desta forma tenho noites tranquilas, longe dos pensamentos que um dia me atormentaram. Só sendo indiferente é que conseguirei chegar um dia á minha meta, que é esquecer-te.Um dia gostei de ti, hoje tento ignorar-te. A vida faz disto.

Não fales...

Não fales. Só te peço isso. Neste momento qualquer som provindo de ti provoca uma estranha sensação de desconforto em mim. As tuas palavras são tudo o que não quero ouvir. Toma atenção ao silêncio, deixa-me reconfortar minha alma com ele, apenas eu e o som mudo. As tuas palavras são tão cruéis, o meu coração é frágil e tu chegas a ele da forma mais brutal que alguém conseguiu.
Vim me apercebendo que o Nada é melhor companhia que tu. Sai da minha beira, nem o teu respirar suporto, transportas péssimas energias ao meu ser. Constantemente me distorces a realidade que eu vejo, não é isso que eu quero, deixa-me ver o mundo á minha maneira, da cor que eu gosto, da perspectiva que me parece mais adequada, não me roubes os meus olhos, eles são a porta que eu tenho para o mundo.
Não insistas. Não te vejo, não te oiço nem te falo. Apenas me quero abstrair do teu mundo.
Vai embora, quero estar sozinha. Neste momento não tenho medo de ficar sem ti, fico bem comigo mesma.

Foi dedicação...

Foram meses, dias, horas, minutos da minha vida que eu te ofereci. Poderia ter-te oferecido algo mais precioso? Cada minuto contigo foi vivido com tal intensidade e dedicação por minha parte que tu até que inconscientemente davas valor, e amavas os gestos de carinho que eu tinha para contigo. Eu acordava e adormecia a pensar numa conjugação de belas palavras que pudessem transmitir aquilo que ia no meu coração, eu escrevia e tu lias com teus lindos olhos, e sorrias como se o teu mundo ganhasse outra dimensão irreal, onde tu eras a personagem principal e eras amado como ninguém antes tinha sido. Sempre gostas-te de ser o centro e que tudo á tua volta funcionasse tendo em conta o que gostas ou não, tu eras o sol e tudo o resto era secundário. Eu não me importei com isso, sabia que no fundo tu tinhas sentimentos, eras quente como o sol e o teu corpo me aquecia e me transportava para uma paz imensa. Para mim o importante era que tu te lembrasses que eu existia e que estava aqui para te amar, independentemente das tuas escolhas. Começo acreditar que os teus defeitos eram em parte a maior atracção que eu via em ti, tu eras diferente.
Sabias usar as palavras certas no momento exacto, eras dono e senhor da convicção e isso a mim transmitia-me confiança e protecção. Nem imaginas o efeito que a palavra “Amo-te” dita por ti tinha em mim, o meu coração rejubilava de alegria, minha alma encontrava a plenitude da felicidade, todo o meu corpo tremia e meus olhos resplandeciam a esperança de toda uma vida contigo. Eu sempre fui uma menina que acreditava que existia um tal de príncipe encantado, que me vinha buscar no seu cavalo branco e eramos felizes para sempre, mas agora cresci, o príncipe afinal não existe e tu está bem longe de o ser.
Foste capaz de descartar todas as minhas palavras de amor e todas as minhas tentativas de me aproximar de ti foram frustradas. Sistematicamente ignoras-te os meus sentimentos, preferis-te partir á descoberta de novos mundos. És feliz assim? Garanto-te que dificilmente encontrarás dedicação, amor e amizade como eu te ofereci. Apesar da realidade que era composta pelas tuas constantes negações, eu ainda tinha forças para lutar por ti, sempre dei valor ao amor e aprendi a não o deixar morrer sem lutar por ele.
Corri, corri e corri. Humilhas-te e eu continuei a correr, usaste-me e levaste-me para o teu mundo de mentira e descartável. Voltei a correr, mas cansei… não adianta caminhar a passos largos para algo que eu comecei a deixar de acreditar, tu estás longe, se eu continuo a correr provavelmente morro antes de chegar a ti, pelo caminho existem espinhos que tu próprio deixas-te para me avisar que eu talvez deva parar.
Se queres saber, esqueci do caminho que me leva até ti. Se um dia eu tiver de te ter então o vento que te traga até mim, mas não esperes que eu esteja aqui cheia de palavras de amor e com as mesmas mãos macias que te acariciavam o rosto, talvez nessa altura eu já não esteja no sítio que me deixaste, talvez eu também tenha partido á descoberta de novos mundos, e lembra-te que foste tu quem sempre me incentivou a procurar coisas novas.
Eu sei que um dia darás valor ao que eu te dediquei, acredito que adormeces a desejar que eu te diga pura e simplesmente “Boa noite”, mas tu és importante demais no teu mundo para te rebaixares ao amor.
-Inspirado na história da menina que acreditava que um “Amo-te” era sempre sincero. E*

Tarde de Verão

Não me lembro da primeira palavra que troquei contigo, mas lembro-me do dia em que te conheci. Bela tarde de Verão, uma brisa quente acarinhava minha pele, a água salgada do mar humedecia o meu corpo, perfeita união que tranquilizava a mente e me fazia apreciar o quanto a vida é rica em bons momentos.
Com toda a sinceridade pensei que aquela tarde fosse comum a tantas outras que fazem parte da minha história. Contudo, foi nesse pequeno fragmento de dia numa vida, que te conheci. Primeira conversa que tivemos, não deve ter tido qualquer sentido, infelizmente como tenho por hábito descartar o que aparentemente é banal fiquei sem qualquer lembrança das palavras trocadas. Sempre pensei que aquele nosso momento de partilha de uma bela tarde de Verão não passaria disso, de uma banalidade e que não faria crescer entre nós qualquer tipo de ligação. Enganei-me. Tenho um certo carinho por estas ideias vazias em esperança, das quais mais tarde percebo que estavam erradas e no fim me trazem uma surpresa.
Cresceu uma amizade entre nós e continua a crescer. É tão imperfeita mas tão enriquecedora, é feita de palavras. Existem pessoas que não dão qualquer importância às palavras, mal sabem elas que apenas um conjunto de letras bem organizado pode resumir uma vida cheia de alegrias e percalços.
É raro ouvirmos a voz um do outro, mas ouvimos constantemente a voz das palavras que escrevemos, têm um som tão belo, capaz de nos abraçar quando mais precisamos.
Temos uma amizade incompleta, mas capaz de colorir parte da minha vida. Pauta-mos pela diferença, escondemos para nós a importância que temos um para o outro, acredito que aos olhos dos outros aparentamos ser duas crianças que trocam meras ideias sem sentido. Pensa que isso é bom, o mais importante apenas só nós conhecemos.
Depois de tudo isto, aprendi que a única palavra capaz de fazer sentido de mim para ti é Obrigada. Obrigada por teres paciência para escutares todas as minhas palavras escritas.

Era uma vez um segredo...

Quis contar-te um segredo, recusaste-te a ouvi-lo. A partir daí marcaste a distância que existia entre nós que a névoa dos meus olhos não me permitia ver. Para ti um segredo é algo com pouco significado, afinal é comum a toda a gente. Quem é que não tem um segredo? No entanto, não insisti em desabafar contigo, também nem um pouco sensibilizado te mostraste em perceber o que ia em mim. Não foste capaz nesse momento de perceber que a partilha de um segredo que eu faria contigo iria de certa forma demonstrar que eras especial para mim e que eu confiava em ti.
Aos meus olhos, sempre foste a pessoa perfeita. Preocupavas-te comigo, até mostravas que tinhas tempo para as minhas parvoíces, estavas constantemente a meu lado independentemente se eu estivesse aqui, na Lua ou no outro lado do mundo, e eu inocentemente acreditava nesses gestos de carinho. Nós éramos capazes de passar longos minutos em silêncio ao lado um do outro. Sabes, eu sempre acreditei que apenas as pessoas que tinham grande confiança, proximidade e verdadeiro conhecimento um do outro é que eram capazes de estar lado a lado em silêncio. Há quem encare o silêncio como um obstáculo entre dois seres, mas connosco era diferente, eu pelo menos tentava através dele falar contigo, escondia as palavras que não querias ouvir e o meu olhar era a minha voz. Um sincero olhar no silêncio pode dizer tanto, mas infelizmente não é compreensível a todos, só pessoas verdadeiramente próximas e puras é que percebem quantas palavras e sentimentos transporta um olhar. Talvez tu nunca tenhas entendido o meu olhar a falar, talvez a tua insensibilidade estivesse mais presente do que eu imaginara. Momentos de silêncio que para mim foram puros instantes de delicada procura da minha alma pela tua, para ti não passaram de “tempos mortos”, contudo eu ainda acredito que foram algo mais para ti.
Eu hoje ainda guardo as palavras que em tempos tanto te quis dizer. O segredo continua em mim, mas com o tempo acabou por perder significado. Sabes porquê? Porque o segredo, era que eu te amava, e agora isto não faz mais sentido, afinal somos apenas amigos de longa data e há muito que eu não procuro momentos de silêncio contigo.

Paisagem

Olho para aquele jardim resplandecente, onde se vislumbra a mais perfeita junção de céu e terra. Encontro uma sensação de paz respirável, sinto o vento calmo e quente a passar pela minha pele, o sol descobre o mais perfeito brilho de meus cabelos que esvoaçam livremente. É neste momento que te sinto a meu lado, o teu perfume me abraça como gesto de segurança, tuas mãos tocam subtilmente nas minhas e arrepiam até o lugar mais obscuro de minha alma, finalmente é o teu beijo que desperta em meu corpo todas as sensações imagináveis, sinto-te em plenitude e só isso me basta para mergulhar no maior prazer, que é o de te ter e sentir-te. Tenho a certeza que tu és o responsável pela minha existência, tens uma capacidade enorme de me proteger e mostrar o lado mais perfeito da imperfeição.
Sinto uma rajada de ar, frio e aterrador. Já não estás a meu lado, já não me abraçass e caio num precipício de desilusão. Afinal tudo isto foi um sonho. É verdade, não voltas-te para mim, apenas voltei a recordar aquilo que já somos e nunca mais voltaremos a ser. Fecho os olhos de novo com esperança de voltar ao irreal, mas volto a ver um jardim, mas desta vez um jardim pálido, vazio. Volto a ver-te ao fundo e corro para ti, vontade enorme de te abraçar, mas, abraço apenas uma lufada de ar, tu não estás. Dói tanto não te sentir, mais até do que abraçar uma pedra dura e que hipoteticamente possa ter espinhos.
Tu, estás bem longe do meu coração gelado e muito mais longe da minha vista. Já há muito tempo que não te vejo, apenas tenho uma ligeira recordação do teu rosto nos meus sonhos, pouco me resta de recordação física tua, mas ainda consigo sentir teu cheiro, são raras as vezes, mas sinto. É verdade, não temos um presente junto mas já tivemos um passado nosso, lembras-te? Quer queiramos ou não esse passado fará sempre parte das nossas vidas. Por mais insignificante que eu possa ter sido para ti, apesar de tudo tive o privilégio de ter entrado na tua vida e de te ter na minha, e sei que também gostas te de ter marcado a minha história.
Agora, apenas te recordo nos meus sonhos, e já começam a ser escassos. Já não dói tanto ter de gostar cada vez menos de ti, a réstia de carinho que ainda sinto por ti vai se esgotar, talvez eu volte a ser livre de novo, volte a ver o jardim colorido e tranquilizador, mas desta vez sem ti, apenas eu. Não serás razão suficiente para eu fechar os olhos a metade da beleza do que me rodeia. A verdade é que contigo ou apenas comigo, eu vivo e orgulho-me disso.
Obrigada. Obrigada, por me teres feito crescer, por me ensinares que afinal eu sou lutadora capaz de enfrentar uma perda, e melhor que tudo, ensinaste-me a amar-me e eu agradeço-te isso do fundo de meu coração.

Oiço agora o tick tack do relógio. Shiuu, ele avisa-me que a vida passa, não há tempo a perder, a vida pode voltar a ser minha e eu posso voltar a ser feliz.

Até um dia.

Note.

[Imagens recolhidas do Google e do DevianArt]

Friend(s)