Era uma vez...

Talvez um dia te conte toda a nossa história de amor. Me encoste ao teu ombro, sinta o teu cheiro, me aproxime do teu ouvido e te sussurre as palavras mais doces. Não quero que mais ninguém ouça o que de mais belo a minha vida tem, quero que apenas tu saibas que o meu “Era uma vez…” começou contigo…

Enrolada nos teus abraços, me imagino a silenciar as palavras que teimavam a saltitar de mim para ti e a cair num sono profundo. Deste simples modo ficas com o bichinho da curiosidade por eu não ter conseguido terminar a história e assim, nunca saberás o final do nosso eterno encontro. Até porque na verdade o nosso conto de encantar não vai ter um final feliz que todos os outros têm, também aqui não existe príncipe nem princesa, mas sim apenas eu e tu e por mais que eu tente desenhar um fim á minha maneira, com os pormenores mais ínfimos, eu sei que ele nunca acontecerá. Apenas porque o amor verdadeiro, nunca tem final.

Destino?

"O que ainda me faltava aprender era que as coisas raramente são tão limpinhas e arrumadas como aqueles "relatos de sofá" que eu ouvira no filme. O que fui aprendendo ao longo do tempo foi que, na esmagadora maioria das vezes, as histórias que ouvimos da boca dos velhotes felizes têm sempre o seu quê de exagero poético, de perfeito eufemismo para dar á coisa um brilho extra. E a não ser que nos casemos com o nosso namorado do liceu (e, por vezes, nem sequer nesse caso) não existem «inícios de romance» particularmente bonitos ou gloriosos. Existem, sim, pessoas, lugares e acontecimentos que nos conduziram áquela relação, e pessoas, lugares e acontecimentos que preferimos esquecer ou pelo menos ignorar. No final até podemos colar um rótulo bonitinho em cima da relação - chamando-lhe feliz descoberta ou destino. Ou então, optamos por acreditar que é apenas o modo aleatório que a vida tem de se desenrolar."

"Escolhi o teu amor" - Emily Giffin

A carta.

Dias e noites á espera e finalmente chegou.

Uma manhã fresca, com o sol a querer espreguiçar-se e eu com uma vontade enorme de agarrar tudo o que o vento trouxe de ti até mim.

O cantarolar que já ao longe os meus ouvidos reconhecem e o azul vistoso das suas penas que rapidamente prendem o meu olhar naquela cor alegre e encantadora. No seu bico, perfeitamente desenhado, carregava aquele pássaro um modesto envelope que logo acreditei que trazia as mais belas palavras de amor lá resguardadas. Era uma carta tua meu amor, mais uma para abraçar, sentir e cheirar e por fim juntar a todas as outras que guardo quem nem pérola rara.

Entre os versos que cuidadosamente crias -te no teu coração e embalaste para um poema, retratas todo o teu sentimento, e desdobras em simples figuras de estilo aquilo que desejas para mim, para ti e para nós. Sinto o teu suor espelhado em tal folha de papel um pouco amachucada pelos teus dedos e entranhada nela todo o teu cheiro. Sussurras-me com aquelas palavras mudas estampadas no papel, que tens saudades minhas. Mal sabes tu, o quanto me atormenta a cada hora a tua ausência, o quanto me assombra não ver esse teu sorriso que me derrete a cada aligeirar dos teus músculos faciais, e a vontade que tenho de te beijar apaixonadamente e sentir esse teu sabor salgado que me arrepia até á espinha.

Tens uma capacidade incrível de adoçar este meu coração, apertado de agonia por não te ver, com as mais singelas palavras, nas quais pintas uma tela perfeita da nossa história. Onde a tinta que escorre partilha comigo todas as lágrimas que desabrocharam em ti e eu desejava poder secar com a minha pele.

Volta depressa, amor.

“Quero te amar para sempre.”

Eu também meu amor, eu também…

*


O beijo perfeito não existe, mas só a vontade de um dia por magia o encontrar, faz com que todos os outros sejam imperfeitamente perfeitos.

Bem-vindo!


Já tive um olhar vazio, onde nada do que existia tinha razão de ser. Onde o amor, por mais elogios que fizessem, não passava de algo completamente abstracto e no fundo inexistente a meu ver. Sempre fui muito racional e só acreditava no que via e sentia, e o amor, esse sentimento que toda gente busca de forma desesperada e obcecada, eu nunca havia sentido nem tão pouco visto, era apenas ilusão na cabeça de uma menina que tinha medo dos calafrios que este provocava.

Entre encontros comigo mesma, reflexões profundas e desgastantes, procurei respostas para tal afastamento de um sentimento tão maravilhoso cobiçado por todo o mundo. Na minha cabeça, e consequentemente na minha vida, o amor foi radicalmente colocado no centésimo lugar a nível de prioridades na minha vida. Cheguei ao cúmulo de fazer uma ligeira comparação entre o sentimento filho do cupido e o Pai Natal, porque não dizer que os dois eram uma lenda? Afinal ambos faziam toda a gente feliz mesmo sem ninguém os ver e na cor vermelha que dividiam, a desilusão vinha bem agarrada. Enquanto somos inocentes tudo faz sentido até que o antónimo da ilusão aparece no momento em que queremos viver tudo no seu pleno.

Mas é deste modo que crescemos, que encaramos a vida de uma forma mais realista, e talvez fria. Criamos defesas e deixamos para trás uma parte do carácter de crianças e avançamos para o que a vida nos colocou no caminho.

E eu avancei, continuei com o amor bem longe de mim. Até que um dia, nem sei bem se com um sol abrasador ou um frio arrebatador, tu chegas-te de armas e bagagens e com um ar autoritário sentas-te á porta de minha casa á espera da minha chegada. Eu havia saído, para mais um dia comum e uma rotina perfeitamente normal. Perto das sete horas da tarde já caminhava eu na minha rua, prestes a chegar a casa e vi algo estranho encostado á entrada da minha casa. Com rapidez no passo e alguma curiosidade á mistura cheguei perto de ti. E com avidez e desconfiança perguntei-te:

-Desculpa, quem és?

E tu com um sorriso ligeiro respondes-te:

- Esperas-te por mim todo este tempo. Sou quem tu procuras, mas apenas em forma humana.

Eu sorri com tal barbaridade, não tinha qualquer noção de quem serias. O teu rosto era-me desconhecido, mas havia algo em ti que prendia a minha atenção. Não resisti a convidar-te a entrar e mantivemos uma conversa bastante agradável e enriquecedora. Desde daí continuamos a encontrarmos constantemente e a cada dia o meu coração tinha batidas mais fortes e rápidas, o meu corpo sentia calafrios cada vez que te tocava e um beijo era capaz de bloquear cada movimento em mim…

Hoje sei, tu és o amor que tanto esperei mas inconsciente reneguei para último plano.

Eu não tinha qualquer rota ou mapa que me levasse a ti.

Mas tu encontraste-me.

Que sejas muito bem-vindo (:

Hoje...

Por dias e noites vivi uma vida que nunca quis, daquelas que ninguém deseja mas que insistimos em vive-las. Fui por tempos personagem principal de um filme trágico, mas sem razões para o reflectir no grande ecrã por falta de consistência do argumento.

Cheguei acordar dias a fio de uma forma mecanizada por pura obrigação. Recusei abrir horizontes e a mostrar o melhor de mim. Desaprendi o que era o amor e mergulhei num mar de solidão que eu própria escolhi.

Já sofri e aprendi de vez o que era a dor e hoje sei dar valor á felicidade. Não sou a mesma de há uns tempos atrás, nem procuro sê-lo. Sei que estou diferente, sou outra pessoa, mais madura e consciente dos seus actos.


"Half the time the world is ending, truth is I am done pretending"

Crime:Futilidade!

Sinto um cheiro pútrido a meu lado que emana uma falsidade sensual que atrai até a margem mais íngreme do ser humano, capaz de lhe provocar uma cegues tremenda mais forte que a sinceridade.

Tu, que te olhas ao espelho, que vislumbras nos teus olhos brilhantes e bastantes compostos, devido á tua jovialidade, uma imagem quase perfeita que sempre buscas te de uma jeito obcecado, sorris com a mentira que tu próprio crias te.

Não tens identidade nem o significado de personalidade sabes. Arrastas te, como se os teus pés tivessem presos por correntes pesadas e enferrujadas, segues o que uma voz superior profere sem ouvires a tua opinião. És um boneco de trapos que valoriza o olhar e ignora um conhecer.

A tua pele é saudável e o teu sorriso luminoso, o teu cabelo liberta uma essência hipnotizante capaz de enlouquecer qualquer um que se aproxime de ti. Caminhas com a cabeça erguida como se fosses alguém poderoso neste mundo, o teu olhar penetrante trespassa cada corpo que deambula na rua, que no fundo é tão igual a ti.

Sorris ao avistares alguém tão aparentemente esplêndido e vistoso como tu, aprenderam juntos a não serem nada, a viverem sem voz e a caminharem num chão podre que a cada passo faz adivinhar uma queda.

Se te perguntarem o que gostas nesta vida quem está contigo é capaz de responder tão bem como tu, não por ser conhecerem bem, apenas porque ambos criaram uma normalização de gostos que vos guia numa estrada de nevoeiro. É nessa estrada que criam laços de afecto que mais não passam de uma corda a que um dia possam se agarrar quando o chão desabar e no fim deixarem para trás como algo descartável.

Usas e abusas de quem te dá ouvidos. A palavra “obrigado” não faz definitivamente parte do teu vocabulário seco e vazio. Amas os objectos decorativos que cobrem o teu corpo pestilento de imoralidade e rematas para o canto mais obscuro da tua casa o livro com as palavras mais ricas capaz de enriquecer o teu pensamento vago e sem orientação.

Acordas e adormeces apenas a pensar na perfeição que te prometeram, mas que nunca te provaram existir.

Note.

[Imagens recolhidas do Google e do DevianArt]

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